Durante o puerpério, todo o corpo materno sofre modificações, umas das mais importantes são as das mamas que são preparadas para o processo de amamentação.
O leite materno é essencial para o crescimento e desenvolvimento da criança, visto que é rico em diversas substâncias. O colostro, é o precursor do leite humano, tem um aspecto amarelado e já pode estar presente nos últimos meses de gestação ou começa a surgir no 2º-5º dia de puerpério. Comparando com o leite humano, o colostro é rico em imunoglobulinas, minerais, vitamina A e proteínas.
O leite de transição é menos espesso e amarelo que o colostro, mas possui as mesmas propriedades. É substituído em 7 a 10 dias e na sua composição há um aumento gradual de gordura e lactose e uma diminuição das globulinas e do valor total das proteínas.
Já o leito maduro tem um aspecto branco-azulado. E compõe-se basicamente por água (a maior parte), carboidratos (lactose) –proteção do intestino e absorção do cálcio- e gorduras –aumento ponderal da criança e prevenção da obesidade.
Deste modo, recomenda-se como orientação, a prática da amamentação exclusiva até os seis meses de vida da criança, para que, posteriormente, sejam introduzidos alimentos complementares. É importante que os profissionais saibam de todos os benefícios do aleitamento humano exclusivo e incentivem as puérperas de sua importância para o desenvolvimento de seu filho e para a recuperação mais rápida do período puerperal.
Dentre os benefícios da amamentação exclusiva, temos:
- Aumento do vínculo materno-infantil;
- Melhor flexibilidade na articulação das estruturas que participam na fala, além de estimular também o padrão respiratório nasal do bebê;
- Auxilia do desenvolvimento e crescimento do bebê;
- Fortalece o sistema imunológico;
- É facilmente digerido, visto que o sistema intestinal do bebê ainda é imaturo;
- É prático, pois está sempre pronto;
- É econômico;
- Ajuda no emagrecimento mais rápido da mãe;
- Acelera a regressão uterina;
- Protege da osteoporose, do câncer de mama e de ovário.
Além disso, é de suma importância que o profissional oriente também a mãe de alguns cuidados com as mamas, como o uso de sutiãs durante todo o dia, banho de sol, higiene das mãos antes da amamentação, esvaziamento de cada mama antes de amamentar na outra e limpeza da mama após a mamada (sem utilizar sabão ou sabonete).
Além de todos esses cuidados, é imprescindível orientar a mãe quanto à pega correta para evitar lesões e possíveis infecções, como a mastite.
A posição correta para a amamentação é aquela em que a mãe se sinta confortável e que favoreça ao bebê a sucção da mama. A posição mais utilizada é a mãe sentada, com as costas, os braços e pés apoiados. A criança em decúbito lateral elevado, com a cabeça frente à mama, apoiada na parte interna do ângulo que o braço forma com o antebraço da mãe. A barriga do RN deve ficar encostada na barriga da mãe. (BARROS, 2006)
Abaixo, um vídeo sobre como se forma o leite e como se dá essa pega correta! É em inglês, mas é fácil de entender.
Além do incentivo à amamentação, há algumas outras orientações que também são importantes e que o profissional deve estar atento.
Higiene da episiotomia: A episiotomia é uma incisão cirúrgica na região da vulva, com indicação obstétrica para impedir ou diminuir o trauma dos tecidos do canal do parto, favorecer a liberação do concepto e evitar lesões desnecessárias do polo cefálico submetido à pressão sofrida de encontro ao períneo. Para que cicatrize bem e não infeccione, é essencial realizar a higiene cuidadosa com água e com um sabonete que respeite o pH vaginal (sabonete neutro), que aumente a hidratação e que favoreça a cicatrização natural. Deve-se lavar as mãos antes e após cada limpeza, que deverá ser realizada duas a três vezes ao dia, depois de urinar ou após cada evacuação, da frente para trás e sempre a terminar com passagem abundante por água. Deve-se secá-la com uma ligeira pressão, sem friccionar;
Higiene da incisão cirúrgica: Enquanto a puérpera está em recuperação na maternidade, deve-se realizar o curativo diariamente com técnica asséptica. A orientação a ser dada à paciente é que realize a higienização diária da incisão com água limpa e sabão neutro para evitar irritação e manter a ferida aberta;
Alteração de humor: As mudanças de humor são comuns durante o período puerperal devido às mudanças hormonais, conflito sobre o papel materno, insegurança, desconfortos físicos, cansaço. As mães devem ser informadas que esses sentimentos são comuns;
Alteração na eliminação digestiva: é comum durante do puerpério, devido à descompressão abdominal, que a mulher passe de 2-3 dias sem evacuar. Logo, o profissional deve orientá-la sobre uma maior ingesta hídrica e de alimentos ricos em fibras e estímulo à deambulação;
Alteração na eliminação urinária: também comum nesse período, visto que a bexiga pode sofrer traumatismo e diminuição do tono muscular. Além disso, a redução da ingesta hídrica, anestesia e sedativos são fatores de risco para a retenção urinária. É importante estimular a puérpera à deambulação até o banheiro, oferecer líquidos e estimular diurese (abrir torneira, ambiente privativo).
Os profissionais de saúde são co-responsáveis pelo êxito de um puerpério sem intercorrências. O enfermeiro deve agir prevenindo, promovendo e recuperando a saúde e isso acontece com o acompanhamento dessas puérperas, com a realização de uma anamnese e exame físico adequado, com diagnósticos precoces, com o incentivo à amamentação e com as orientações necessárias. Portando, é fundamental o papel do enfermeiro como multiplicador do conhecimento.
Bons Estudos!!
por Simone Ferraz
REFERÊNCIAS:
1. Bebê Atual – disponível em: http://bebeatual.com/bebes-leite-materno-amamentacao_27 – acessado em 26 de outubro, às 08:50;
2. Enfermagem no ciclo gravídico-puerperal/ Sônia Maria Oliveira de Barros. Barueri, SP. Manole, 2006;
3. GOMES, F.V.L., COSTA, M.R. e MARIANO L.A.A. Manual de Curativos – Universidade Católica de Goiás, 2005;
4. Lactacyd | Saúde íntima – disponível em: http://www.lactacyd.pt/saudeintima/article.asp?id=12&title=Como%20devo%20cuidar%20da%20episiotomia? – acessado em 26 de outubro de 2012, às 08:30;
5. OLIVEIRA, S.M.V. de e MIQUILINI, E.C. Freqüência e critérios para indicar a episiotomia. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2005, vol.39, n.3, pp. 288-295;
6. ZUGAIB, M. Obstetrícia. 1ª ed., Baurueri, SP. Manole, 2008.